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Precipitações de encontro ao ausente

O lírio de prata que pousa em meu dedo expeliu polem envenenado. Chegando na rua de casa fechei os olhos e abri os braços contra o vento. Vim caminhando assim ao som de "Fool", mas parei no portão. Devia ter atravessado o cruzamento só por esporte, o que me faria sentir viva por hoje. Tirei a rolha do Conha y Toro e bebi no gargalo com o resto do lacre cortando a boca. Fazer uma luminária com essa merda de garrafa pra não esquecer meus flashes de lucides. Não pretendi ser fácil mesmo. Muito mais faces e fazes que qualquer outra. Quero desconstruir todas as coisas e ainda assim me bastar. Sou uma pessoa sem medo, rasgada, craquelada e sempre disposta a juntar os cacos. Não quero saber de porra nenhuma porque um belo dia se morre. Fica assim por hoje...

Considerações sobre a minha cor e som

Tudo em mim é vermelho Tudo em mim grita Tudo em mim explode As vezes queria um piscar de olhos brandos, mas até meus cílios fazem barulho quando se encostam. Não consigo ficar em silêncio não consigo pegar no sono Meus órgãos têm vida própria. Não sei por onde caminho e se caminho não tem volta porque tudo deve ter seu fim Sou feita de extremos vermelhos e barulhentos. Como taça de vinho encorpado com som gramofônico que se repete. Tenho que esperar a película arrebentar pra apagarem as luzes e as pessoas irem embora.